Tudo começa com um simples olhar ao que estamos sentindo, o amor, uma palavra que se desdobra em nossa vida e nos faz sentir a nós mesmo com profundidade, naquilo que definitivamente já estamos vivendo. De todos os clichês existente, o amor denota a mais profunda e admirada aparição. Podemos dizer que é sem querer, que toma posse e não tem rumo, não tem maneira, não tem jeito, nem cor, cheiro, sabor, não tem nada, só está ali no seu lugar, e quem colocou? Ninguém? Ele por si só já existe sem contornos, sem preenchimento, o amor é em sua totalidade, ele mesmo, apenas e por si basta. 
Todo o ser que sente, vive em buscas constantes, talvez tudo isso seja para por fim ter uma única e necessária posse, digo isso em todos os tons possíveis de verdade. Tal conquista leva ao êxtase de que tudo na vida tem uma única essência, um olhar singular, uma inexplicável plenitude, o próprio amor, estendido pela própria vida.
Desse modo, não se é possível acreditar que seja ele descrito,  o amor transpassa o que denotamos como debruçar em palavras que despertam compreensão. Sabemos sentir e explicar todas as outras coisas, mas porque o amor é tão difícil descrever como algo que estimamos sentir? Tenho tamanha certeza que essa diferenciação desata perfeitamente o amor do sentimento, e que jamais será ele expendido. Vamos parar e pensar na vida. Toda nossa existência, as pequenas nuances de memoria que guardamos de nós mesmo. Nunca paramos para explicar, apenas falamos, damos voz ao que outrora ou agora foi vivido. Quem questiona a vida? Quem põem sinônimos nela? A gente só vive, e depois a gente conta, ou até mesmo vive novamente, quem garante que não estamos tentando viver o já vivido? Tudo é um agora de um talvez que desconhecemos.
Então, preterindo quaisquer descrição existente, deixarei o amor se juntar a vida, a existência de tudo que se possa ter, ser e viver, pois nada mais justo do que viver o que por si já amamos.
Amar é inteiramente ter a certeza de que se vive. Se há um fileto de existência no que faz, no que olha, no que pensa, no que toca, no que convive, nos planos, no que alegra e esbanja sorrisos, e não poderia deixar de lado no que também traz tristezas, decepções, agonias, dúvidas, desespero, dor por que tudo isso faz parte da vida, não podemos ignorar a verdade tão clara e evidente em cada dia que desfrutamos da dadiva de viver. O amor desperta em tal grau o anelo de existir que os mesmos se confundem e entrelaçam entre si. Se pararmos para refletir o que significaria amar, o que desabrocha o amor em cada um de nós, não saberíamos separá-lo  de um simples ato de respirar. Viver é uma realidade tão complexa que anula quaisquer esclarecimento. Ao mesmo tom e semelhança lhes grifo o amor. Somente o ato de querer viver todos os dias por algo, para estar ao lado, para ver, para ser melhor, para se dá o melhor, para ao menos pensar que não poderia não possuir tamanha cousa, afirmo com veemência que em tudo isso está o amor perambulando com destreza o fio que entrelaça a verdade de cada ser.
Quanto a amar ou se permitir ser amado, é o bastante deixar-se viver o tão almejado suspiro. Nitidamente amar é a própria inclinação à vida. Quando dizemos que amamos, estamos afirmando que vivemos para tal proposito. 
Isso é tudo que não sei, daquilo que vivo.

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